Tudo é feito por mulheres.

Uma equipe formada por arquiteta, mestre de obras, assistente social e psicóloga acompanha as alunas em todas as etapas.

Projeto social ensina mulheres a construir casas em Belo Horizonte Na periferia de Belo Horizonte, um projeto social está ajudando as mulheres a colocar a mão na massa.

Elas estão aprendendo os conceitos básicos de arquitetura.

Como fazer a planta de uma casa, planejamento de obra, cálculos da construção.

Reforço teórico de um trabalho que, na prática, elas já fazem.

“Eu mesma furei os buracos para poder aterrar, comecei com dois cômodos, sem rebocar.

Hoje já tenho uma loja, já tenho dois quartos”, conta a autônoma Valéria Cristina.

“Eu sou mãe de duas meninas e moro sozinha.

Quando eu precisar estar fazendo alguma coisa, não preciso pagar ninguém, nem esperar por ninguém”, diz a dona de casa Fabiana dos Santos.

São sete meses de aulas teóricas e práticas.

“Na oficina 'Mão na massa', a gente sempre pega uma amostragem, então, se eu vou rebocar, é uma parede.

Se vou fazer um tubulão, a gente consegue fazer um tubulão.

Sempre a pessoa aprende o ofício para que ela possa, também, fazer uma coisa grande”, explica Clara Ciotto, arquiteta e coordenadora do projeto Arquitetura na Periferia.

Tudo aqui é feito por mulheres.

Uma equipe formada por arquiteta, mestre de obras, assistente social e psicóloga acompanha as alunas em todas as etapas.

O material é doado e, quem quiser, pode ter acesso a um microcrédito, com financiamento sem juros.

O projeto Arquitetura na Periferia já deu suporte a mais de 60 mulheres com renda de até três salários mínimos, para fazer obras em cerca de 100 casas em Belo Horizonte.

Ter uma moradia melhor ajuda demais, mas essa é uma transformação que vai bem além das paredes e janelas.

O projeto impulsiona as mulheres na busca de autonomia, ensinando que elas podem muita coisa.

Construir casas é só uma delas.

“As mulheres que passaram pelo projeto da arquitetura, que descobriram essa potência nelas, elas estão mais envolvidas dentro da comunidade, dentro das coisas da comunidade.

Entre elas, traz um fortalecimento mesmo”, conta Lu Dandara, mobilizadora do projeto.

Quando a auxiliar de serviços gerais Delma Alves da Silva chegou no projeto, a casa nem janela tinha.

O piso era de cimento.

Com a ajuda das outras alunas, o chão do quarto ganhou porcelanato.

Ela quis mais: colocou piso na casa toda, fez o banheiro do jeitinho que sonhava.

E já tem obra no andar de cima.

Quem pôs a mão na massa foram ela e o marido.

“A minha casa hoje, para mim, é o meu lugar.

Eu sei que estou no trabalho e, no fim do dia, eu tenho um lugarzinho que é meu”, conta Delma.

Publicada por: RBSYS